A Comissão da Jovem Advocacia da 6ª Subseção da OAB-ES realizou, na tarde da última sexta-feira (19), a palestra “Inteligência Artificial (IA) aplicada ao Direito” no auditório do Edifício Luiz Ferraz Moulin, em Guaçuí. O evento, inédito, buscou despertar a atenção do público presente para os impactos imediatos da tecnologia na prática forense. O encontro, segundo os organizadores, também integrou a programação de lançamento do convênio com a Acesse, provedor regional de internet banda larga, e foi pensado para combinar capacitação técnica com benefícios concretos de conectividade e ferramentas digitais para o trabalho jurídico.
Antes da abertura, o presidente Luiz Bernard Sardenberg Moulin definiu o tom do debate ao afirmar que “a IA é uma ferramenta essencial para a advocacia” e que “o advogado que não se atualiza, que não está por dentro da inteligência artificial hoje, está ficando para trás”. Ele também destacou a parceria com a Acesse e o apoio da Comissão da Jovem Advocacia, ressaltando a satisfação com a expressiva adesão.
“Sabemos que a IA é uma ferramenta essencial para a advocacia. É crucial para o advogado trabalhar hoje com a inteligência artificial. Então é importante estarmos inserindo os advogados e advogadas da 6ª Subseção nessa nova tecnologia, nessa nova era da advocacia, que é a inteligência artificial”, observou momentos antes do início da preleção.
A programação reuniu duas exposições complementares. O juiz Felipe Bertrand Sardenberg Moulin tratou do tema “Inteligência Artificial no Direito: panoramas, implicações e perspectivas futuras”. Já o empresário e programador Bruno Barreto abordou “A nova era da advocacia: agentes de IA vs humanos”, com foco em aplicações práticas para agilizar e qualificar a redação jurídica.
“Eu costumo fazer uma pergunta: a inteligência artificial já é o presente e você, vai aderir ou competir? Se você não aderir, a princípio já estará competindo, porque provavelmente o seu concorrente, o advogado da parte contrária, se ele estiver usando e você não estiver usando, ele vai ter uma vantagem competitiva”, destacou Bruno Barreto.
A declaração, importante observar, reflete uma realidade nacional em que a inteligência artificial vem transformando rotinas jurídicas, permitindo a análise automatizada de decisões judiciais, elaboração de peças sob medida e gestão eficiente de grandes volumes processuais. Dados recentes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) indicam que mais de 84 milhões de processos tramitam atualmente nos tribunais brasileiros. O cenário, segundo especialistas, torna a automação uma necessidade operacional.
“É inegável a importância da IA hoje no nosso dia a dia. É um tema extremamente contemporâneo. Essa tecnologia é uma realidade. Então temos que estar preparados e agradeço ao presidente Luiz Bernard Sardenberg Moulin e a 6ª Subseção da OAB-ES por essa iniciativa de capacitar os advogados interessados”, comentou a advogada Eduarda Barbosa pouco antes da preleção.
O advogado Paulo Rodrigues, do município de São José do Calçado, reforçou a urgência na adaptação da advocacia regional:
“Essa discussão sobre inteligência artificial aplicada ao Direito é uma realidade. Esse tema é importantíssimo. A advocacia tem que se aprimorar, se inteirar sobre o assunto, porque não tem retorno. Essa tecnologia só tende a avançar. E nós, advogados, temos que procurar estar nos atualizando. Acho que todos os inscritos da nossa subseção deveriam participar de oportunidades como esta”
O evento, necessário destacar, ocorreu em um momento estratégico para a advocacia regional, com o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) implementando reformas estruturais significativas em cinco dos seis municípios da área de abrangência da 6ª Subseção, o que, estima-se, exigirá novas competências digitais dos advogados e advogadas inscritos. Os atos normativos nº 179/2025 e nº 223/2025, posteriormente substituídos pelos atos normativos nº 265/2025 e nº 266/2025, estabeleceram “Comarcas Digitais” e “Secretarias Inteligentes Regionais” nos municípios de Apiacá, Bom Jesus do Norte, São José do Calçado, Guaçuí e Dores do Rio Preto.
O processo de digitalização do TJES, considerando os dados públicos de 2021, abrangia, inicialmente, cerca de 850 mil processos físicos, equivalentes a 75% do acervo total em tramitação em 2024. Essa modernização torna a capacitação em tecnologias emergentes uma necessidade prática para os advogados, que precisam adaptar suas rotinas ao ambiente digital.
O juiz Felipe Moulin, o primeiro palestrante do evento de sexta-feira, possui formação específica em Big Data Analysis pela Universidade Federal do Paraná e cursa especialização em IA aplicada ao Direito pela PUC de Campinas. Em entrevista concedida ao portal OAB Guaçuí, ele enfatizou a necessidade de capacitação contínua em inteligência artificial.
“A capacitação é importante porque a gente tem que saber usar a ferramenta, entender como funciona e poder extrair o melhor que ela pode oferecer. Então a capacitação é o primeiro passo que eu aconselho aos advogados e advogadas. E não só se capacitar, mas estar sempre se atualizando.”













Como diferencial da iniciativa promovida pela 6ª Subseção, os participantes presenciais receberam acesso gratuito a um agente de inteligência artificial para uso na prática jurídica. A programação se encerrou com happy hour, estimulando o networking entre os profissionais presentes.
A iniciativa, segundo os organizadores e o público presente, representou um marco no processo de modernização da advocacia no Caparaó capixaba. A combinação de conteúdo técnico, benefícios práticos e networking ilustra a estratégia da 6ª Subseção de preparar os advogados e advogadas da região para as transformações recentes vivenciadas no exercício jurídico contemporâneo.