Subseção alerta para golpe do falso advogado

Criminosos usam dados reais de processos para aplicar fraudes

O telefone toca. Na mensagem enviada pelo WhatsApp, alguém que se apresenta como advogado cita um número de processo, menciona termos jurídicos e orienta a vítima a fazer uma transferência urgente para evitar bloqueios judiciais. O tom é convincente, a informação é precisa, mas tudo não passa de um golpe. 

Na região do Caparaó capixaba, assim como em várias outras regiões do país, esse tipo de fraude tem se tornado cada vez mais recorrente. Diante da escalada de casos envolvendo falsos advogados, o presidente da 6ª Subseção OAB-ES, Luiz Bernard Sardenberg Moulin, decidiu ampliar os alertas à população. Em reportagem publicada no último domingo (20) na imprensa regional, ele lembrou que a população precisa estar atenta. 

“Trata-se de uma fraude que aproveita o fácil acesso a informações públicas para enganar cidadãos que, muitas vezes, estão em situação de vulnerabilidade e sem conhecimento técnico suficiente para desconfiar da abordagem”, afirmou o presidente. 

Segundo Luiz Moulin, os golpistas utilizam dados reais de processos judiciais disponíveis nos sites dos tribunais para se passar por advogados. Com nomes, datas, petições e movimentações processuais em mãos, eles entram em contato com partes ou familiares e solicitam pagamentos indevidos, geralmente por meio de transferências via Pix para contas de pessoas físicas.  

O que torna o golpe ainda mais perigoso é a aparência de legalidade. Os estelionatários dominam o vocabulário jurídico e constroem mensagens com riqueza de detalhes, gerando a falsa impressão de que estão, de fato, ligados ao processo. 

“A pessoa vê que o número do processo existe, que o nome dela está lá. O criminoso cita informações verídicas e cria um ambiente de urgência. Isso aumenta o risco de que a vítima aceite fazer o pagamento solicitado, muitas vezes de forma impulsiva”, explicou o presidente da subseção, que abrange os municípios de Guaçuí, São José do Calçado, Bom Jesus do Norte, Apiacá, Dores do Rio Preto e Divino de São Lourenço. 

Em resposta ao aumento de fraudes, a OAB tem intensificado sua atuação preventiva, com campanhas informativas, entrevistas e materiais de orientação nas redes sociais. O objetivo é deixar claro: advogados não solicitam depósitos ou transferências em contas pessoais. 

“Todas as cobranças legítimas de custas, taxas ou valores decorrentes de decisões judiciais são feitas por meio de guias oficiais, emitidas pelos sistemas dos tribunais. Nenhum profissional ético se comunicará por WhatsApp pedindo dinheiro direto”, reforçou o presidente Luiz Moulin. 

A recomendação da Ordem é simples e objetiva: em caso de dúvida, a pessoa abordada deve procurar diretamente o advogado constituído. Também é preciso desconfiar de pedidos urgentes e de mensagens vindas de números desconhecidos; bem como não efetuar pagamentos sem confirmação clara da legalidade e, tão importante quanto, registrar boletim de ocorrência e comunicar a OAB sobre a tentativa de golpe. 

Além dos prejuízos financeiros causados às vítimas, o golpe também compromete a imagem da advocacia. “É um tipo de crime que usa o nome do advogado, da Justiça e das instituições para enganar as pessoas. Isso atinge a confiança da sociedade na nossa atuação profissional”, pontuou. 

Por isso, ele defende que o enfrentamento à prática criminosa deve envolver não apenas ações repressivas por parte das autoridades policiais, mas também medidas educativas. 

“O mais importante, neste momento, é que as pessoas saibam que podem contar com a OAB. Qualquer dúvida, qualquer contato suspeito, a orientação é procurar a Subseção. Estamos aqui para proteger não apenas a advocacia, mas também a sociedade”, concluiu.