Unindo forças pela prevenção

A 6ª Subseção da OAB-ES, em parceria com a Polícia Civil e a Prefeitura de Guaçuí, levou às escolas municipais e particulares, em junho, a primeira Semana Municipal de Prevenção às Drogas. A iniciativa, que combinou palestras diretas com adolescentes e atividades lúdicas para crianças, buscou enfrentar de forma preventiva o avanço do tráfico na região do Caparaó. Integrante dessa articulação, o advogado Hemerson Carvalho Santos, presidente da Comissão de Advocacia Criminal e Política Penitenciária, destaca que “a OAB atua como uma ponte entre a sociedade civil e as instituições públicas”, reforçando que a advocacia também tem papel ativo na construção de políticas de segurança que atacam a raiz do problema. 

Qual foi a motivação inicial para a 6ª Subseção se engajar na realização da primeira Semana Municipal de Prevenção às Drogas de Guaçuí? 

A motivação central para a criação da Semana Municipal de Prevenção às Drogas em Guaçuí foi a crescente preocupação com o avanço do tráfico de drogas na região do Caparaó e a necessidade de adotar medidas preventivas eficazes. A 6ª Subseção da OAB-ES, por meio de sua Comissão de Advocacia Criminal e Política Penitenciária, assim, como o projeto “OAB na escola” identificou a importância de um diálogo aberto e direto com crianças e adolescentes sobre os riscos associados ao uso de entorpecentes, buscando conscientizar e prevenir a entrada de jovens no mundo do crime. 

Como se deu a articulação com a Delegacia de Polícia Civil para viabilizar o evento e quais desafios logísticos precisaram ser superados? 

A articulação para o evento foi uma iniciativa conjunta da 6ª Subseção da OAB-ES, presidida por Dr. Luiz Bernard Sardenberg Moulin, a vice-presidente Drª. Flávia Vieira de Paula, o escrivão Adriano Dutra e a Prefeitura Municipal de Guaçuí por meio da secretaria de Educação de Guaçuí. A parceria foi fundamental para a realização dos projetos, que já são desenvolvidos pela Polícia Civil. Um dos principais desafios logísticos foi a coordenação de agendas e a mobilização de recursos para levar as palestras e atividades a um número significativo de estudantes nas escolas municipais e particulares de Guaçuí. A colaboração interinstitucional permitiu unir a expertise da polícia em projetos de prevenção com a capacidade de mobilização e o compromisso social da OAB. 

O projeto “Papo de Responsa” é conhecido por sua abordagem direta com adolescentes. Quais pontos mais chamaram a atenção nas interações com os estudantes de Guaçuí? 

Durante o “Papo de Responsa”, a interação com os adolescentes de Guaçuí revelou um grande interesse e receptividade dos jovens em discutir abertamente temas como os perigos das drogas, as consequências legais do envolvimento com o tráfico e a importância de fazer escolhas seguras. A abordagem dos policiais, que atuam como mediadores, busca criar um ambiente de confiança onde os estudantes se sentem à vontade para tirar dúvidas e compartilhar suas percepções, desmistificando a imagem da polícia e construindo uma relação de proximidade e respeito mútuo. 

Já o projeto “Agente Canino nas Escolas” parece ter adotado um tom mais lúdico para atingir as crianças menores. Como essa estratégia se encaixa no contexto mais amplo de prevenção? 

A estratégia do projeto “Agente Canino nas Escolas” utiliza a presença de cães farejadores para criar uma aproximação lúdica e afetiva com as crianças. Essa abordagem é fundamental no contexto da prevenção, pois permite introduzir o tema da segurança pública e os perigos das drogas de uma forma leve e acessível para o público infantil. Ao verem os cães em ação e interagirem com os policiais, as crianças constroem uma imagem positiva da polícia e são ensinadas, de maneira sutil, a se manterem afastadas de substâncias ilícitas, associando a prevenção a uma experiência divertida e memorável. 

A região do Caparaó enfrenta vulnerabilidades históricas relacionadas ao tráfico de drogas. De que forma essa realidade local influenciou a formatação do evento? 

A realidade do Caparaó como uma área com vulnerabilidades ao tráfico de drogas foi o principal catalisador para a formatação do evento. A escolha de focar na prevenção junto a crianças e adolescentes é uma resposta direta à percepção de que este público é o mais suscetível ao aliciamento por traficantes. A formatação do evento, com ações diretas nas escolas, buscou atuar na raiz do problema, oferecendo informação e orientação para fortalecer os jovens e reduzir os fatores de risco que os tornam vulneráveis ao tráfico. 

Na sua avaliação, qual é o papel da advocacia na formulação e execução de políticas públicas preventivas, especialmente no campo da segurança? 

A advocacia, e em especial a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), possui um papel crucial que transcende a atuação em processos judiciais. A participação ativa na formulação e execução de políticas públicas de segurança, como a Semana de Prevenção às Drogas, demonstra o compromisso da classe com a função social da advocacia. A OAB atua como uma ponte entre a sociedade civil e as instituições públicas, utilizando seu conhecimento técnico e sua capilaridade social para promover ações que visam a garantia de direitos e a construção de uma sociedade mais justa e segura, focando não apenas na repressão ao crime, mas principalmente em suas causas. 

A OAB costuma ser associada à defesa de prerrogativas e representação processual. Como essa ação reforça ou amplia a atuação institucional da Ordem? 

Ações como a Semana de Prevenção às Drogas ampliam significativamente a percepção pública sobre o papel da OAB. Enquanto a defesa das prerrogativas e a representação processual são pilares da instituição, o engajamento em projetos sociais de prevenção reforça a imagem da Ordem como uma entidade proativa e comprometida com o bem-estar da comunidade. Essa atuação demonstra que a OAB não se limita às cortes e aos escritórios, mas ocupa um espaço vital na promoção da cidadania e na busca por soluções para problemas sociais complexos, como a violência e o tráfico de drogas. 

Houve participação expressiva da comunidade escolar e dos pais durante as atividades? Que tipo de retorno vocês receberam após o evento? 

Relatos sobre o evento indicam uma recepção muito positiva por parte das escolas, com a participação de centenas de alunos da rede pública de Guaçuí. A comunidade escolar, incluindo diretores, professores e estudantes, demonstrou grande engajamento nas atividades propostas. O retorno foi marcado por elogios à iniciativa da OAB e da Polícia Civil, com destaque para a importância de levar informação qualificada e orientação diretamente ao ambiente escolar. 

O senhor vê possibilidade de replicar esse modelo de parceria e prevenção nos outros municípios sob a jurisdição da 6ª Subseção? 

Sim, existe a intenção de expandir o alcance da iniciativa. A parceria bem-sucedida entre a OAB de Guaçuí e a Polícia Civil serve como um modelo que pode e deve ser replicado em outros municípios que compõem a 6ª Subseção. O sucesso do evento em Guaçuí fortalece o argumento de que a colaboração interinstitucional é um caminho eficaz para a implementação de políticas de prevenção em maior escala. 

Olhando para o futuro, quais seriam os próximos passos para consolidar a Semana Municipal de Prevenção às Drogas no calendário oficial de Guaçuí? 

O principal passo para a consolidação do evento é a sua institucionalização por meio de lei municipal, garantindo que a Semana de Prevenção às Drogas se torne uma atividade permanente no calendário oficial de Guaçuí. Para isso, será necessário o engajamento contínuo da OAB junto ao poder público municipal, incluindo a Câmara de Vereadores e a Prefeitura, para sensibilizá-los sobre a importância da política de prevenção e assegurar os recursos e o apoio necessários para a realização anual do evento.